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O Índice Glicêmico dos alimentos é uma medida eficaz para mensurar o consumo de carboidratos para os praticantes de atividades físicas?

  

As pessoas que frequentam academia e as mais ligadas em atividades físicas e cuidados com a saúde têm se preocupado em ingerir alimentos com índice glicêmico mais moderado. A preocupação faz sentido, até porque, como salienta a pesquisadora Eliana B. Giuntini, do Centro de Pesquisa em Alimentos (FoRC – Food Research Center), se a pessoa come só alimentos ricos em carboidratos altamente disponíveis antes do treino – aquele transformado rapidamente em energia – ela pode não conseguir chegar no final de sua série. “Pode ser muito bom no início do treino, pois você tem uma disponibilidade grande de energia, mas no final a pessoa pode ficar extenuada, às vezes pode até passar mal”. Segundo Eliana, o ideal é mesclar esse tipo de alimento com outros cuja resposta glicêmica não seja tão elevada, ricos em carboidratos não disponíveis (frutas, grãos, leguminosas, cereais integrais, etc).

 “Mas há um problema - as pessoas confundem índice glicêmico (IG) com carga glicêmica (CG). O índice é calculado a partir da glicemia encontrada no sangue em até duas horas após a ingestão de uma quantidade fixa de carboidratos disponíveis (amido e açúcares). Já a carga está relacionada às porções que as pessoas consomem. Por exemplo: o abacaxi tem um índice glicêmico alto. Para determinar o IG, tivemos que dar para os voluntários da pesquisa porções de abacaxi desidratado contendo 25 g de carboidrato disponível, o que equivale a mais ou menos 1 abacaxi e meio. Mas ninguém come esta quantidade de abacaxi de uma só vez. Uma pessoa consome em média duas fatias. E essa porção tem uma carga glicêmica baixa. Então, o índice é um número absoluto. A carga é um número mais real, relacionado à quantidade ingerida”, diferencia.

E afirma que há muita desinformação. “Outro dia ouvi, numa palestra sobre atividade física, uma pessoa dizendo que o índice glicêmico dos alimentos era diferente para cada pessoa. Existem, de fato, particularidades no metabolismo de cada indivíduo, que podem fazer com que a resposta glicêmica seja um pouco diferente, o que aconteceria com todos os alimentos que a pessoa consome. Porém se um alimento tem índice glicêmico alto, ele será alto para mim, para você e para todo mundo. Mas o que realmente importa, é a carga glicêmica, que relaciona a qualidade do carboidrato do alimento e a quantidade consumida desse alimento.”

A resposta glicêmica dos alimentos é uma das linhas de pesquisa da Profa Elizabete Wenzel de Menezes, e seu grupo agora vai avaliar a resposta glicêmica com os alimentos da moda, principalmente nas academias: a batata-doce e a tapioca. “No caso da batata-doce, há uma coisa a ser levada em conta logo de imediato: será que a variedade da batata-doce que foi usada nos estudos fora do Brasil é a mesma que as pessoas consomem aqui? Se variedade usada não for a mesma, pode provocar uma resposta diferente por vários fatores e até mesmo, a quantidade de carboidratos presentes pode ser diferente da nossa realidade”, raciocina. Em uma tabela internacional de índice e carga glicêmica, três estudos encontraram baixo IG para a batata doce, mas dois encontraram alto IG. Porém quatro apresentaram média CG, e um deles alta CG. Mesmo fora do Brasil, o baixo IG da batata-doce não é uma unanimidade.

Quer saber um pouco mais: - Na TBCA - Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (http://www.fcf.usp.br/tbca) podem ser encontrados o IG e a CG de vários alimentos consumidos no Brasil.

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