Alimentação equilibrada e saudável pode minimizar a incidência de doenças como a aterosclerose
Por Eduardo - Difusão
Última atualização em 17/09/2015
Grupo no Reino Unido busca evidências dos benefícios das antocianinas e polifenóis, substâncias presentes nas frutas vermelhas e em hortaliças, frutas e cereais.
Na terceira palestra realizada durante o I FoRC Symposium, nesta quarta (2/9), o professor Paulo Kroon, do Instituto of Food Research, no Reino Unido, falou sobre os benefícios para a saúde de uma dieta rica em compostos bioativos. Ele focou sua apresentação no consumo de polifenóis e de antocianinas.
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Os polifenóis são um numeroso grupo de moléculas encontradas em hortaliças, frutas, cereais, chás, café, cacau, vinho, suco de frutas, soja... Nas plantas, eles exercem função de fotoproteção, defesa contra microorganismos e insetos, além de serem responsáveis pela pigmentação. “A ideia é desenvolver evidências de alta qualidade dos efeitos do consumo de polifenóis e garantir o uso dessa informação pela indústria e os tomadores de decisão”, resumiu ele no início da palestra.
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O interesse de Kroon e sua equipe é voltado para a forma como as pessoas absorvem e metabolizam os polifenóis. “Tentamos identificar os mecanismos subjacentes a essas atividades: determinar a natureza e as concentrações de metabólitos de polifenol e testar a habilidade desses metabólitos de alterar marcadores moleculares de funções celulares identificadas in vivo”, explica Kroon.È
Quanto às antocianinas, substâncias presentes em frutas vermelhas diversas, e também na cebola, no tomate e no vinho, são pigmentos pertencentes ao grupo dos flavonóides responsáveis por uma grande variedade de cores de frutas, flores e folhas que vão do vermelho-alaranjado até roxo e azul. São associadas a diferentes açúcares. “No Brasil vocês têm boas fontes de anticianinas: jaboticaba, juçara, açaí, jamelão, jambo, pitanga”, exemplificou Kroon. “Há evidências epidemiológicas dos benefícios dessas substâncias. Estudos vem mostrando que quem consome mais antocianinas tem menos probabilidade de desenvolver hipertensão”, afirma. |
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Entretanto, há outros componentes nos chamados alimentos complexos, além das antocianinas. “Queríamos saber qual era realmente o papel delas nos efeitos benéficos para a saúde. E também se eram mais eficazes quando entregues junto a outras substâncias”, esclarece. Para isso, o grupo de Kroon realizou uma pesquisa em roedores com um tomate roxo muito rico em antocianinas, criado para este fim. E dividiu a amostragem em grupos: o que não ingeriu tomate, o que ingeriu só tomate roxo e o que só ingeriu tomate vermelho e ainda os que ingeriram ambos, em diferentes proporções.
“Uma análise dos resultados indicou que, na aorta, os efeitos se deram nos níveis inflamatórios envolvidos na aterosclerose. No fígado, a ingestão das antocianinas teve efeitos fortes no metabolismo de lipídeos”, revela Kroon.
De acordo com o professor, os resultados sugeriram à equipe uma nova hipótese: o consumo de tomate rico em antocianinas reduz a taxa de crescimento de placas de aterosclerose aumentando o transporte reverso do colesterol e seus efeitos podem ser medidos no nível da expressão gênica. “Concluímos que a expressão das antocianinas produziu tomates com uma poderosa atividade anti-aterosclerótica e que os mecanismos subjacentes de assimilação dessas substâncias parecem incluir mudanças no metabolismo de lipídios e lipoproteínas, consistentes com um aumento no transporte reverso de colesterol. Também identificamos marcadores moleculares e funcionais que podem ser usados para identificar metabólitos ativos e que podem representar marcadores moleculares”, resume Kroon.